Gesta de amante

 

Não sou quem pensou que fosse. Sei que és princesa,  mas eu... Eu sou apenas um plebeu. Não tenho realeza. Nem títulos. Nem nobreza. Minha história é simples como de um lavrador que amanha a terra para tirar-lhe o sustento.  Não tenho muito que lhe dar. Minhas posses se resumem a esse cavalo baio e tudo que pode carregar. Minha riqueza está na terra que piso,  na poeira que levanto. Nos livros que li e guardei comigo. Está nas flores inesgotáveis que admiro. Nos sorrisos que arranquei, nas lágrimas que verti. É o voo da borboleta e o canto do passarinho. A inquietação metafísica com o sofrimento do mundo. Se te interessam essas posses então vem comigo. Sobes na garupa.

 

Vem,  foge pro litoral!

 

Que serás rica. Vou te fazer imperatriz num castelo de areia. E nas noites nadaremos juntos,  nus como há de ser a liberdade. E faremos amor na praia, sob o luar. No teu ventre plantarei um filho. E depois outro. E nossos filhos darão inveja a Botticelli. E multiplicar-se-ão mundo afora. E herdarão nosso reino –  apenas o horizonte será o limite de nossas paragens. E quando morrermos,  bem velhinhos, quando morrermos há ainda uma estrela de cruzar o céu. Jogar-se-á,  aqui na Terra, nesta pequenina  terra, só para vislumbrar esta canção chegar ao final.

 

gesta de amante

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