Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2012

O Porto

Imagem
Ao caminhar pelas ruas escuras, ele se pergunta há quanto tempo o mar se retirou dali. Provavelmente, algum dia foi possível sentir o cheiro da maresia daquela rua. Hoje sentia apenas o característico cheiro de urina amanhecida. Onde antes havia marinheiros, agora putas baratas e de má aparência conversam e lançam olhares, apinhadas nas esquinas. Mas o arredor não deixa dúvida de que lugar é aquele. As construções pitorescas, degradadas pelo tempo, os armazéns cheios de vazio – com seus vidros quebrados, sempre se mostrando prestes a desabar, agora abrigam homens esquecidos e todo tipo de imundice. Mas não, eles não negam para que foram construídos. Alguns ainda carregam nomes sobre as portas, outros números, a maioria já se perdeu.   Ao caminhar pelas ruas escuras, ele experimenta uma solidão única. Sente a paz cheia de perigo que apenas o deserto de uma rua assim pode provocar. Vez por outra, cruza com alguém, algum outro caminhante noturno. Nesses encontros, tudo pode depender d