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Mostrando postagens de agosto, 2011

Matinal II

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Por Vitor Bornéo Comprimir-me entre os membros de outras pessoas me traz uma sensação estranha. Em alguns momentos me perco no todo, não sei mais o que sou eu e o que é outro. Onde começo ou termino. Levado a posições estranhas, ponho-me a meditar. Quando supero o incomodo, sinto uma espécie de transe suarento. Não deve ser algo muito diferente do que sentem aqueles gurus indianos em seus rituais de mortificação da carne. Às vezes até fecho os olhos, mas sem descuidar do tato, com medo de que a carteira suma durante meu nivana. Tento pensar que daquela lata de sardinha com pouco ar sairei mais puro. Pura ilusão, talvez. Normalmente saio fedendo e dolorido. Nem sempre, porém, minhas viagens são exercícios de contração que desafiam a física espacial. Isso pode ser melhor ou pior, dependendo do ponto de vista. Como um animal moderno, não é todo dia que me encontro disposto a partilhar meu quinhão de solidão com qualquer desconhecido que ocupa o mesmo banco que eu. Em prol da civilização,

Outra vez (trecho)

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  “Os cabelos estavam mudados. O corpo, antes de menina, agora era de uma mulher, com suas curvas e detalhes que despertavam muito mais que a simples atenção.  Mas o olhar, o sorriso... estes ainda estavam ali.  Um semblante simples, meio doce, meio tímido, mas com certa adorável malícia implícita, não havia envelhecido nem um dia nos quase 10 anos que se passaram desde a última vez que estiveram juntos.   Tinha o perfume também... a sensação o pegou de surpresa. Teve certa reminiscência. Nunca imaginaria, semanas antes, que a vida lhe pregaria aquela peça. Mas estava ali. Frente a frente, buscando o que iria dizer depois de tanto tempo.   Arriscou o óbvio.   ‘Você está linda’   Ela corou. Soube então que havia ­– dessa vez – feito a escolha certa.”