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Mostrando postagens de 2015

2016 e os Cavalos de Kafka

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Uma crônica de fim de ano é uma das tarefas mais ingratas que um escritor pode tomar para si. Todo mundo já sabe exatamente o que esperar desse tipo de texto, é algo como o “especial do Roberto Carlos da literatura”. Mas tudo bem, cá estou eu, e alguma coisa precisa ser dita. De cara me vem em mente dois caminhos diferentes para essa crônica. O primeiro,  uma longa lamentação das mazelas do ano que passou. Isso iria render bastante,  admito. Não me entendam mal,  não acho que 2015 tenha sido exatamente pior que os outros anos como um todo. Uma tragédia aqui,  outra ali... Altas tretas em Brasília (e no Facebook ), verdade. Tudo dentro da capacidade normal do ser humano de estragar tudo. Sem ineditismo. Mas para a lamentação sempre há assunto. Poderia fazer uma retrospectiva de acontecimentos gerais para cada  ano de história documentada e com cada uma arrancaria lágrimas. O mesmo vale para o ano individualmente. Eu,  particularmente,  perdi uma mulher,  um emprego,  dois peixes.

Natal

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É véspera de Natal e faz um calor infernal. Estou em casa, ouvindo os barulhos da ceia ficando pronta na cozinha. Já que o ar-condicionado está proibido pela conta de luz, tento aliviar meu calor embaixo do ventilador. Esta manhã li sobre um rapaz que vive há 15 anos no aeroporto internacional de Guarulhos.  Denis. Acho que era esse o nome dele.  Quinze anos vivendo de caridade,  num mundo onde o tempo é marcado por pousos e decolagens. A história de Denis foi uma maneira indigesta de começar o dia. Eles têm ar-condicionado nos aeroportos? Aqui em casa somos poucos. Cristãos, menos ainda. Mas mesmo assim é Natal e a mesa vai ficando cada vez mais cheia até meia-noite. Enquanto isso fico variando de sofá e de ventilador. Sinto um frio da barriga,  uma coisa inexplicável que sinto todo Natal; talvez uma forma de compensar calor infernal que sempre faz. Ou uma lembrança,  uma lembrança de quando eu era moleque e todas as expectativas de dezembro giravam em torno de um embrulho

Doze respostas a quem “precisa do machismo”

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  Hoje é dia 8 de março, dia Internacional da Mulher. Ao longo desta semana tenho lido toda uma gama de absurdos a respeito da data e do feminismo nas redes sociais. Na verdade o presente texto foi escrito originalmente para o Facebook. Escolhi um post que vem sendo compartilhado e sintetiza bem todos esses preconceitos e disparates e resolvi “responder”, item por item, para ajudar meus colegas homens (e incrivelmente, algumas mulheres!) a não passar vergonha compartilhando essas besteiras por aí. O texto do Eduardo Santos (na figura abaixo) que circula no Facebook e motivou esse texto, mostra como é possível dizer muitas mentiras usando apenas verdades: uma colagem de dados bem montada para refletir um ponto de vista machista e misógino.     O que segue então são alguns esclarecimentos e correções ao colega:   1) Os casos de pensões são em geral favoráveis as mulher porque existe uma cultura do homem o provedor e a mulher dona de casa. Se a mulher deixa de trabalhar para