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Mostrando postagens de março, 2013

Visão de Carnaval

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Vamos juntos cortando a multidão, com cuidado para não nos perder. Vou na frente, abro caminho entre foliões bêbados e cansados para ela passar tranquila. Passamos por uma mulher, um Neandertal, um policial, um bombeiro... Todos de mentira, menos o Neandertal. Não choveu, mas a rua está molhada. A Cidade está fedendo a cerveja e a urina fresca. Mesmo assim estão todos sorrindo e eu sorrio também. Sorrio pelo hábito. Um sorriso cheio de tensão, mas um sorriso.   Em algum lugar está tocando uma marchinha. Lembro o que estou fazendo aqui. É para lá que vamos. Parece que alguma coisa explodiu. Não me assusto porque ninguém se assusta. Hoje somos todos um só.   Com a desculpa de não dos perdermos, estendo minha mão para atrás. Só quero sentir seu toque. Aperto o passo sem soltar sua mão. Ela anda com cuidado para não sujar os pés. Parece deslumbrada e assustada enquanto salta com um jeito de bailarina.   Corro uma esquina, duas, três... Para onde nós vamos? Esse calor tá de mata

A Menina e o Gigante a vapor

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Em outro tempo, em outro lugar, havia uma Menina. Uma Menina que morava perto de um Bosque, um grande e belo bosque, cheio de árvores frutíferas, animais e flores coloridas. E o amava. Amava daquela forma que só as crianças são capazes de amar, aquela capacidade de ternura que o tempo vai levando, inverno após inverno.   Foi no fundo do Bosque, onde as árvores cresciam mais altas que o sol, que a Menina o encontrou: um gigante todo feito de metal. Tinha o tamanho de uma pequena árvore e pelo seu corpo havia dezenas de pistões e engrenagens à mostra. Na barriga, ou no lugar onde deveria ser a barriga, ficava uma fornalha, igualzinha as que a Menina tinha visto nas locomotivas a vapor.   Seus olhos eram fendas vazias, mas bem lá no fundo podia-se ver um brilho leve, opaco e triste. Teve então, a Menina, dó do Gigante, sozinho, abandonado naquele canto escuro do Bosque. Lembrou-se de como faziam para os trens funcionarem, juntou um pouco de lenha que estava espalhada a sua volta e