O começo

Por Vitor Bornéo

Começar é uma arte delicada. Sempre achei o começo muito mais complicado que o fim. Sair do zero absoluto para uma coisa, qualquer coisa é um fenômeno que me intriga. Se o estado natural de tudo é o nada, o ser é exceção. Isso torna o início uma coisa incrível. De repente, o vazio se solidifica em algo tangível. Uma vida, uma idéia, um amor. Um big bang de possibilidades. Alias, falando em vida, ela mesmo para mim é muito mais chocante quando começa do que quando termina. O fim é o fim. Todo mundo espera o fim. Mas e o começo, o princípio? Sair do doce conforto da inexistência para um existir frio e hostil. Assustador. Pensando bem... Talvez essa conversa seja toda bobagem. Talvez o começo já tenha tido um começo. E o próprio vazio seja alguma coisa. E então, tudo já começou em algum momento, alguma outra vez. E então, em outro instante, infinitos começos atrás, alguém viveu assim. Que nem eu, que nem você. E tudo vira parte do todo. Do passado infinito. Do eterno futuro.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Doze respostas a quem “precisa do machismo”

Parla

de como não conheci meu grande amor