A Barbearia
Costumava ir a uma barbearia, dessas bem tradicionais. Hoje em dia lugares assim são difíceis de encontrar – entraram em extinção nos anos 1990 graças ao metrossexual moderno e aos salões de beleza unissex. Imaginem então o quão grande foi minha felicidade quando numa tarde, voltando do almoço, deparei-me com uma dessas num cantinho esquecido, entre a Tijuca e a Praça da Bandeira. Perto da porta um escudo do Vasco dividia espaço com um do América e adiante, dois homens compenetrados trabalhavam de jaleco branco. Tinha um piso xadrez, preto e branco, – nem de longe tão limpo quando dos salões de beleza – do tipo que se usava muito na década 1960, e uns bancos de couro com jornais e cadernos de esportes abertos. Nenhuma revista de fofoca. Sobre ele, um gato branco e muito sério dizia claramente que havia chegado primeiro. Era uma beleza! Não que eu tenha qualquer coisa contra salões, mas o clima de uma barbearia é incomparável. Ao entrar, notam-se logo duas diferença...